UNI CÉLULA NO TEMPO

Óleo sobre tela 29,7/41 cm

"O individualismo é uma reflexão madura e tranquila que dispõe cada cidadão a isolar-se da massa de seus semelhantes."

ALEXIS DE TOCQUEVILLE, A Democracia na América

Organismos unicelulares existiram ao longo de milhares de milhões de anos antes de formas de vida mais complexas.

O organismo unicelular é um ser vivo formado por apenas uma célula que realiza todas as funções vitais para a vida; é vida na sua forma mais básica e autossuficiente. A vida na Terra permaneceu exclusivamente na forma unicelular por um período extremamente longo, cerca de 3 mil milhões de anos, antes que as formas de vida animal básicas evoluíssem.

A junção de células que deu origem aos organismos pluricelulares não eliminou as características básicas da vida presentes nos unicelulares, mas redistribuiu e especializou essas funções. A transição para organismos multicelulares ocorreu em várias linhagens separadas, aproximadamente entre 1,5 a 0,5 mil milhões de anos atrás.

A célula não é "eterna" como indivíduo, mas a sua contínua reprodução permite que a espécie sobreviva potencialmente sem limite de tempo. Tem "imortalidade de linhagem", porque se reproduz continuamente, enquanto o pluricelular é mortal como organismo.

O humano é individual por natureza biológica e coletivo por natureza evolutiva embora o "coletivo" esteja inscrito na história do homo enquanto "indivíduo".

O individual é a base biológica da vida: cada ser nasce, luta por si e morre — é a base da vida.
Para um futuro mais vantajoso do Homo sapiens, apostar no coletivo pode ser uma solução positiva, porque os grandes desafios atuais (climáticos, tecnológicos, planetários) dificilmente podem ser enfrentados isoladamente.

O risco está em esquecer que o coletivo só existe porque há indivíduos. Quando o coletivo começa a apagar o indivíduo, deixa de ser futuro e transforma-se na sua própria ruína.

O coletivo só é grande quando sustenta o indivíduo; o indivíduo só floresce quando reconhece que sua força depende do coletivo. Ignorar esse equilíbrio é semear a própria ruína.

Rui, Dezembro, 2025