Jorge Simões foi um bom homem! Era uma pessoa de bem, filosofo, político, especialista em comunicação e, sobretudo, enfatizava o gosto de ser jornalista que concebia como prática profissional e simultaneamente atividade de estudo e reflexão. Na sua singularidade era um ser complexo, exigente, leal, generoso e sem aspiração a exercer poderes ilegítimos.
Deixou-nos quando trabalhava numa mão-cheia de projetos a partir do seu incessante olhar para o futuro: uns em fase de conclusão, outros em vias de realização, alguns só esquematizados e outros, muitos, conjeturados. Faltou-lhe o tempo para os concretizar; sempre lhe faltaria; em consciência, sabia-o, mas não o limitava.
O Jorge tinha um propósito maior: fomentar o desenvolvimento e melhoria das condições existentes no Casal Ventoso, enquadrado no Pedrógão, enquanto local de eleição para se visitar e viver. Colaborava ativamente na divulgação das tradições locais, sempre atento àqueles que contribuíram para esse desiderato. Planeava promover uma homenagem a Aquilino Ribeiro enquanto histórico residente no Pedrógão, na sua qualidade de vulto maior da intelectualidade portuguesa e autor do romance «A Batalha Sem Fim» cuja essência da ação se desenrola na região da Mata do Urso onde descreve o local, origens, lendas e, superlativamente, as suas gentes e condições de vida. Romance finalizado em 1931, seria o instrumento que o Jorge planeava usar como um dos fatores para o estudo, promoção e divulgação da Freguesia do Coimbrão.
A edição desta brochura, pensada originalmente para complementar a divulgação do romance, agora também convertida em memorial a Jorge Simões, pretende manter viva a sua ideia em elevar o Pedrógão e as suas gentes a um lugar compatível com a sua relativa importância.
Privei de perto com o Jorge. Ligava-nos um intenso ceticismo quanto à equivalência entre o progresso material e a melhoria moral da sociedade que partilhávamos.
O Jorge honrou-me com a sua amizade e sinto a sua falta.