IDA E VOLTA

"N"-"E"-"O"-"S"

ACRILICO SOBRE PAPEL 300g. COLADO EM BASE K-LINE 

4 ELEMENTOS 14,8/21 cm

IDA E VOLTA "N"



Carlos Drummond de Andrade

«História Natural»

«Cobras cegas são notívagas.
O orangotango é profundamente solitário.
Macacos também preferem o isolamento.
Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.
Andorinhas copulam no voo.
O mundo não é o que pensamos.»

IDA E VOLTA "E"



Fernando Pessoa

«Quadras ao Gosto Popular»

«Andorinha que vais alta,

Porque não me vens trazer

Qualquer coisa que me falta

E que te não sei dizer?»

IDA E VOLTA "O"

Florbela Espanca - «Alma a Sangrar»

«Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha,
E perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?
Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma a sangrar? Quem me criou a mim?

Quem fez os homens e deu vida aos lobos?
Santa Teresa em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar?

Quem nos deu asas para andar de rastros?
Quem nos deu olhos para ver os astros
– Sem nos dar braços para os alcançar?!…»

IDA E VOLTA "S"

O Homo sapiens evolui em paralelo com chipanzés e gorilas a partir da linhagem dos primatas. A Hirundo rustica (andorinha-comum) evolui a partir de um ancestral, o dinossauro terópodes.

A evolução de ambas as espécies têm ocorrido em contextos distintos, mas ambas têm demonstrado adaptações impressionantes que lhes tem permitido, até hoje, prosperar em todos os sentidos nos seus ambientes. Tem sido um processo complexo e contínuo que na sua existência tem moldado as características adquiridas às necessidades de responder a pressões existenciais.

A andorinha é uma ave migratória e monogâmica que possui um parceiro para toda a vida. Com salomónica liberdade de partir, a opção de não regressar é-lhe fatal.

Rui

Fevereiro, 2024