BORBOLETA AZUL

O arrependimento é uma emanação mental da consciência individual que resulta de evolução assente em equívocos tardiamente percepcionados.

«... os amantes, acabam por se arrepender das complacências que manifestaram, logo que hão saciado o seu desejo, enquanto os que não amam jamais têm motivo de que se arrepender.» 

Platão em "Fedro(231) - O DISCURSO DE LISIAS"

Assim como a borboleta-azul deve a sua existência a um equívoco da formiga também nós, seres humanos, saciamos anseios genuínos com desvios à moralidade apregoada.

Rui

Julho de 2022

Breve relato do nascimento e morte da 

BORBOLETA-AZUL-DAS-TURFEIRAS

A borboleta-azul precisa de uma planta para procriar e de uma formiga para se metamorfosear.

A borboleta-azul-das-turfeiras deposita os seus ovos no caule da genciana (Gentiana lutea) planta do espécime das dicotiledóneas que dá uma flor azul.

Após duas semanas de gestação as lagartas saem do ovo e vão para dentro da cápsula floral da planta onde se alimentam dos órgãos sexuais da flor até às duas a três semanas de vida, após o que caem para o solo.

Segue-se a segunda fase evolutiva do insecto: As larvas emitem uma alomona muito parecida com a da larva da formiga da espécie Myrmica aloba. As formigas, ao encontrarem estas larvas, que tomam por serem da sua espécie, transportam-nas para os seus ninhos.

Durante dez a onze meses, as lagartas da borboleta-azul-das-turfeiras são protegidas e alimentadas pelas formigas que as recolheram. Durante vários meses as lagartas vão fornecendo substâncias açucaradas às formigas até se iniciar o processo da metamorfose. Após alguns dias desta fase a cor da lagarta altera-se e as formigas detectam que foram enganadas. Dedicaram os seus cuidados maternais a um insecto bem diferente dos da sua espécie: Uma borboleta azul que não ultrapassa os dez dias de vida.